O icônico Ozzy Osbourne Foto: Redes Sociais
Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)
Embora me considere eclético em termos musicais, suas canções não estão entre as minhas preferidas, sobretudo quando o assunto é algo mais pesado. Sim, curto um bom e velho rock in roll e até mesmo algo mais nesse estilo hard, a exemplo de Guns N´ Rose, Mettalica, Scorpions. Mas, o Black Sabbath e toda uma escola do gênero heavy metal que eles criaram, imprimiram e inspiraram, nem tanto assim. Uma canção aqui ou outra ali, vá lá. Entretanto, é sempre tempo de render um tributo a um dos maiores nomes deste tipo de arte musical, que além de ter feito da arte a própria vida, também, com muita coragem e dignidade, o faz com a iminência da morte.
Sou da geração 1985, quando, aos 10 anos de idade, pude testemunhar pela TV a primeira edição do Rock in Rio. De lá para cá, alcancei outros momentos, grupos e sujeitos icônicos, alguns dos quais tive a oportunidade de ver pessoalmente, em shows no Brasil, a exemplo de Paul MacCartney, Ringo Star e Dire Straits. Por isso mesmo, a gente vai criando aquele feeling de saber como algo vai marcar e se transformar em referência de uma época e até mesmo atemporal.
E o show da formação original do Black Sabbath (banda britânica fundada em 1986), realizado no último sábado, 5 de julho, em Birmingham, região central da Inglaterra, não demorará muito para estar entre estes grandes momentos da história musical internacional e do qual faremos menção algumas vezes, com destaque e, porque não dizer, emoção. A banda, com aquela formação (o baixista Geezer Butler, o guitarrista Tony Iommi, o baterista Bill Ward e Ozzy Osbourne) não se reunia fazia 20 anos.
O show em Birmingham, com cerca de 10 horas de duração, contando com dezenas de outros artistas e bandas, foi um tributo não somente à Black Sabbath, mas, de modo particular ao seu grande nome, Ozzy Osbourne, com 76 anos de idade. O grupo já viveu vários momentos e pelo menos quatro tipos diferentes de formação, com sucessos como “Paranoid” e “Iron Man” (1970), “Children of the grave” (1971), “Changes” (1972), entre outros, com aproximadamente 40 trabalhos em LP e CD, com layouts, letras e canções impactantes e até mesmo polêmicas e escandalosas.
Às voltas com uso de drogas e álcool e atrapalhando o desenvolvimento da banda, Ozzy Osbourne foi convidado a se retirar da Black Sabbath em 1979. Leia-se, foi expulso. No ano seguinte, teve que se reinventar numa carreira solo que não demorou muito para conhecer o sucesso. A começar pelo primeiro álbum, “Blizzard of Ozz”, onde na capa ele já imprimia a imagem de Madman ou de “Príncipe das Trevas”. No megashow de sábado, ele cantou alguns de seus maiores hits, inclusive da carreira solo, entre eles destaco “Mama, I’m Coming Home”, de 1991.
E aí, para mim, foi o grande momento daquele show tributo. Ali estava ele, Ozzy Osbourne, sentado majestosamente em seu trono de morcegos, todo preto, com roupas e unhas pretas, crucifixo prateado pendendo do pescoço, levando às lágrimas aproximadamente 40 mil pessoas no local e outras 5,8 milhões, incluindo eu. Ao som de “Mama, I’m Coming Home” muito sentimento e harmonia em meio a um público marcado por uma postura geralmente mais dura e dark, além de uma estética controversa e pouco usual, equivocadamente associada ao satanismo. Um público que comumente se diverte com movimentos dançantes mais bruscos, com as populares “quebradas de cabeça”, estava copiosamente chorando e cantando com Ozzy. E que letra e melodia belíssimas de “Mama, I’m Coming Home”!
Há pelo menos 5 anos, Ozzy Osbourn luta com as consequências físicas e mentais do mal de Parkinson. Ciente da irreversibilidade de seu quadro, ele tem encarado a doença com muita coragem, graças, sobretudo, ao amor e ao apoio de sua esposa, Sharon Rachel, com quem é casado desde 1982, afora a família e de alguns amigos mais próximos. Há quem afirme, sem nenhum exagero, que aquele show do dia 5 de julho foi a sua última aparição pública, seu gran finale. E que espetáculo, até mesmo para pessoas que não são seus fãs, como este que vos escreve.
O fato é que aquele show deixou marcas profundas no nosso tempo, tão avesso a sentimentos e empatia e muitas vezes reduzido a conceitos como os de “bem comportado” e “do bem”, que nem sempre refletem o que se pôde presenciar naquele dia histórico, onde a arte fez da vida e da iminência da morte celebrações de uma mesma existência. Por algumas horas, o mundo percebeu que para além de guerras e sujeitos toscos como Donald Trump, Elon Musk e companhia ilimitada, ainda há humanos sorvendo cada instante da graça de viver e fazendo da música uma experiência ainda mais universal, pacífica e transcendental.
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