Política

O que esperar da campanha eleitoral

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Davi Leite (*)

Na segunda-feira 15, ao tratar da abertura de setores comerciais em Aracaju, Edvaldo Nogueira apelou aos adversários políticos a darem-se as mãos. Afora a imposição do novo “politicamente correto” condenar tal cumprimento, resta a dúvida se teria o prefeito santificado-se ao ponto de pregar a paz na Terra e a união dos homens de boa vontade em torno da crise sanitária, de modo a combater conjuntamente a propagação do coronavírus e dar uma reviravolta na pandemia.

Observando a questão mais a fundo, comprova-se de cara que a realidade real e trágica, respeitável público, é bem outra – e envolve estratégia de “guerra”! De fato, Edvaldo Nogueira segue apenas o receituário obtido a partir de pesquisas de opinião pública a apontar uma eleição pautada pelo coronavírus e cheia de peculiaridades. Um pleito que se transformará, na prática, em referendo sobre a atuação dos gestores na pandemia, incluindo, ora bolas, a recuperação econômica.

Vejam a esperteza do prefeito em uma tuitada no mesmo dia 15 de junho: “O Governo Federal é quem deveria fazer o plano de recuperação da economia. É quem tem capacidade de fazer um grande esforço na macroeconomia e garantir a manutenção das empresas. As prefeituras não têm capacidade financeira para isso.” Já se tem a quem responsabilizar se nada der certo…

Pandemia

O cientista político Antônio Lavareda lembra que em períodos de crise menos prefeitos costumam ser reeleitos. “A taxa de reeleição teve seu pico, 67%, em 2008. O menor índice foi em 2016, de 47%, muito influenciado pela crise que veio após as manifestações de 2013”, diz ele.

Agora, com exceção de Jair Bolsonaro, prefeitos, governadores e presidentes ao redor do mundo viram sua aprovação crescer na pandemia. “O debate que envolve o desenvolvimento da cidade fica prejudicado, e a grande questão passa a ser a pandemia e a reação que se tem/teve a ela”, diz o cientista político Fernando Schuler, do Inspe. Edvaldo Nogueira cuida, assim, de se resguardar.

Como a oposição deve reagir, então, ao “pedido” de união feito pelo mandatário e no tocante às críticas à gestão? Os candidatos à Prefeitura de Aracaju, em geral, sequer se aperceberam que o eleitor não quer aventuras. Fragilizado emocional e financeiramente, prefere algo mais seguro, um benefício a nomes tradicionais. Terá mais chance quem focar na saúde e economia, tanto pelo lado da recuperação de empregos e crescimento quanto pelo agravamento das desigualdades.

Estratégia revista

Por outro lado, independentemente da data em que aconteça – novembro é a previsão –, o pleito deste ano terá forma diferente. Como a vacina para a covid-19 ainda vai demorar para sair, ter-se-á uma eleição marcada por algum grau de confinamento do eleitor e pouca campanha na rua. A estratégia terá de ser revista e adaptada. O “corpo a corpo” virtual e o investimento no meio digital devem ser mais intensificados, e ai de quem achar que deve economizar nestes quesitos.

É sabido que o eleitor gosta da presença física do candidato – o contato próximo ainda é diferencial importante na disputa. O distanciamento traz impessoalidade e um pleito mais frio, em razão do medo da população de ir às ruas. O eleitor, portanto, observará melhor os candidatos justamente através da atuação deles na internet e também através de debates nos meios de comunicação tradicionais. Vencerá quem souber explorar melhor essa nova configuração.

(*) Gestor de imagem pública e Marketing Político e Eleitoral.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

 

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