Domingo em Desbaste

Mais que um cargo, uma missão: os desafios do venerável mestre

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Por Antônio Carlos Garcia (*)

 

Ao longo deste mês de junho, as 17 lojas maçônicas jurisdicionadas ao Grande Oriente do Brasil-Sergipe (GOB-SE)  terão novos veneráveis mestres, sendo que algumas delas vão reconduzir ao cargo o dirigente atual. Para orientar, não só os veneráveis, mas também os demais irmãos que compõem as diretorias, o grão-mestre do GOB Sergipe, Volnei de Melo Dias, tomou a iniciativa de promover, ontem, na sede da instituição, o Encontro de Gestão e Excelência (Engex). Um evento importante, no qual foram discutidos temas como evasão maçônica, finanças, gestão de pessoas, papel da secretaria da loja e a oratória. Assuntos vitais para uma boa administração e liderança. Com um detalhe  fundamental: os veneráveis devem aprimorar a arte de escutar bem. Isso porque escutar é diferente de ouvir.

Os palestrantes deram informações importantes para os veneráveis mestres

Muitos dos irmãos que, pela primeira vez, assumirão o veneralato, irão passar por uma cerimônia importantíssima: a instalação. Neste momento solene, o escolhido para o cargo, é conduzido à Cátedra de Salomão, recebendo instruções e segredos que o habilitam a exercer plenamente suas funções. Essa cerimônia é conduzida por uma Comissão Instaladora composta por, no mínimo, três Mestres Instalados, conforme estabelecido pelo Regulamento Geral da Federação do Grande Oriente do Brasil.

O título de Mestre Instalado não é considerado um grau adicional na hierarquia maçônica, mas sim uma distinção honorífica que confere ao portador determinadas prerrogativas. Entre elas, destacam-se: a capacidade de dirigir sessões de iniciação e de colação de graus, o direito de ter assento no Oriente do Templo e a possibilidade de compor o Conselho de Mestres Instalados, responsável pela instalação de futuros Veneráveis Mestres.

A origem da cerimônia de instalação remonta ao século XVIII, sendo incorporada à prática maçônica brasileira a partir do Decreto nº 2.085, de 11 de junho de 1968, emitido pelo então Grão-Mestre Geral do GOB, Álvaro Palmeira.

Joia do venerável mestre

O Venerável Mestre é a mais alta dignidade de uma loja maçônica, sendo responsável por liderar, administrar e representar a loja em todas as suas manifestações. Sua função vai além de presidir as sessões; ele deve ser um exemplo de conduta, sabedoria e equilíbrio para todos os irmãos.

Segundo o maçom e escritor, José Castellani, o título de Venerável Mestre tem origens no século XVII, quando a Maçonaria operativa começou a se transformar em especulativa. Naquela época, o presidente da Loja era escolhido entre os mais antigos e experientes companheiros, sendo o mestre-de-obras ou o proprietário da obra. Com o tempo, o termo “Venerável” passou a ser utilizado para reverenciar a mais alta dignidade da Loja Simbólica, significando que todos os obreiros da Loja devem “venerar” o Mestre da Loja.

O Venerável Mestre é assimilado ao planeta Júpiter e a Zeus (Júpiter, para os romanos), o rei dos deuses, por sua condição de dirigente. Essa associação simboliza a necessidade de sabedoria, prudência, inteligência e discernimento necessários à condução de uma Loja.

Além de liderar os trabalhos ritualísticos, o Venerável Mestre é responsável pela gestão administrativa, patrimonial e financeira da Loja. Ele deve elaborar um “Plano de Trabalho” em conjunto com seus Oficiais, estabelecendo diretrizes, objetivos e metas para a administração da Loja durante sua gestão.

A diretoria da Loja, composta por diversos Oficiais, auxilia o Venerável Mestre em suas funções. Entre eles estão o 1° e 2° Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro, Mestre de Cerimônias, Hospitaleiro, Diáconos, Expertos, Guardas Interno e Externo, Mestre de Harmonia, Porta-Estandarte, Porta-Espada, Porta-Bandeira e Mestre de Banquetes. Cada um desses cargos possui atribuições específicas que contribuem para o bom funcionamento da Loja.

O Venerável Mestre deve ser um líder servidor, comprometido com a aprendizagem contínua e o desenvolvimento pessoal. Ele precisa criar um ambiente de confiança, resolver conflitos de forma justa e promover a harmonia entre os irmãos. Sua conduta deve ser exemplar, cortês e firme nos princípios, sendo capaz de assumir a administração do trabalho e bem hábil nas Antigas Obrigações, Regulamentos e Landmarks da Ordem.

Acolher os irmãos, cunhadas e sobrinhos é uma das responsabilidades do Venerável Mestre. Ele deve promover a fraternidade e a solidariedade, prestando auxílio material e moral aos necessitados, incluindo viúvas e órfãos de maçons que passaram para o “Oriente Eterno”.

Em suma, o Venerável Mestre é o pilar central da Loja Maçônica, sendo responsável por liderar com sabedoria, administrar com eficiência e promover a fraternidade entre os irmãos. Sua função exige dedicação, equilíbrio e um profundo compromisso com os princípios da Maçonaria.

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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