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Josué e Tecla Mello: uma história de amor por Feira de Santana, Bahia

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Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Nem sempre o lugar que se nasce é aquele onde nossa pertença mais se evidencia. O lugar que escolhemos viver ou que nos adota como filhos também pode ser a extensão de nossa casa original, revelando sentimentos para além de identitários e valores que aprendemos no seio da terra natal, sob as orientações de nossos pais e sob a sombra do legado de nossos ancestrais. Assim tem sido a trajetória de vida dos sergipanos Josué e Tecla Mello na cidade de Feira de Santana-BA, por quase sessenta anos.

Ele, natural do povoado Caraíbas, no município de Lagarto, na década de 30, morou onde hoje é o bairro Horta e, ainda muito jovem, optou pelos estudos e migrou para Salvador-BA, onde fez sua formação no Colégio 2 de Julho. Com passagens por São Paulo e Minas Gerais, fixou-se com Tecla (Simão Dias), desde 1965, em Feira de Santana, quando chegaram para serem missionários presbiterianos e depois atuarem de forma mais contundente na docência, tanto em nível básico como em nível superior, como alguns dos protagonistas da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

Pais de duas filhas, Cilene (Minas Gerais) e Susana (Feira), construíram uma história de vida que se confunde com o desenvolvimento econômico, educacional e cultural da cidade, participando ativamente de alguns dos seus mais importantes acontecimentos e conquistas, inclusive, colaborando para combater a pobreza e promovendo ações em prol dos mais necessitados, por meio do SIM (Serviço de Assistência ao Migrante), que gerou frutos indescritíveis.

Na noite do dia 27 de setembro do corrente ano, Feira de Santana, mais uma vez, demonstrou toda a sua gratidão ao casal sergipano. Ambos foram agraciados pela Câmara Municipal com a Comenda Maria Quitéria. E ela, também, com o Título de Cidadã Feirense, numa solenidade bastante concorrida, contando com a presença de familiares, incluindo genros, netos e bisnetos, além de representantes de diversos setores.

A solenidade foi presidida pela vereadora Eremita Mota. O autor das proposituras que reconheceram as contribuições de Josué e Tecla Mello, e responsável pelas falas de saudação e também pela entrega das honrarias, foi o vereador Luiz Augusto de Jesus (Lulinha), sob a assistência atenta e aplausos efusivos dos presentes, com sorrisos e lágrimas no rosto. Estive por lá também, na companhia da professora Patrícia Monteiro, e pudemos testemunhar tudo, com atenção e muito felizes e orgulhosos de nossos amigos e conterrâneos sergipanos.

O casal Tecla Mello e Josué transformou a solenidade em um momento de altruísmo

Em seu discurso de agradecimento, a professora Tecla Mello valeu-se do poema “As Meninas”, de Cecília Meireles (1901-1964), destacando, com a candura e doçura que são peculiares à ilustre simãodiense, o papel do professor ao longo da história da humanidade e também na presente data. Aplaudida de pé, externou todo o seu amor por Feira de Santana e gratidão por acolhê-la como filha e aos seus.

Como de costume, o professor Josué Mello fez de seu discurso de agradecimento mais um gesto de apreço pelos feirenses. Sem deixar de enaltecer seu berço natal, Mello, tendo a história e dados concretos mostrou que Feira de Santana merece muito mais do que já conquistou em seus 190 anos de existência, propondo a criação de sua universidade federal, dispondo para então a doação do campus do Instituto de Educação e Desenvolvimento (INED), utilizado pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).

Numa noite que poderia ser de loiros e glórias pessoais, onde egos e vaidades costumam inflar além do normal, o casal Josué e Tecla Mello transformou a solenidade, além de leve e familiar, em um momento de altruísmo, como assim tem sido desde que Sergipe os presenteou para Feira de Santana e por que não dizer para o mundo.

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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