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Jatobá: a solução ecológica que substitui plásticos convencionais

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Por Antônio Carlos Garcia (*)

 

A pesquisadora Larissa Soares, doutora em Biotecnologia Industrial pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), criou um bioplástico para substituir o plástico convencional a partir do extrato da casca do jatobá. A ideia de realizar essa pesquisa durante o doutorado surgiu de uma vivência pessoal, pois ela mora em Guanambi, no interior da Bahia, e o jatobá é uma árvore típica daquela região. O bioplástico está registrado junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), e o próximo passo é tentar transferir a tecnologia para o setor industrial.

Casca do jatobá que se transforma em bioplástico Foto: Larrissa Soares

O fruto do jatobá, segundo Larissa, é utilizado na medicina tradicional e na alimentação, mas a casca é descartada. Ao estudar a casca, a pesquisadora descobriu propriedades antioxidantes e antimicrobianas que poderiam ser aplicadas em um filme plástico para preservar alimentos de maneira natural.

No Laboratório de Microbiologia de Alimentos e Bioengenharia da UFS, o extrato do jatobá foi incorporado em formulações de filmes de quitosana, comumente utilizados pela indústria como embalagens ativas para alimentos.

“A aplicação do extrato do jatobá aumentou em até 60 vezes a atividade antioxidante in vitro em comparação com o filme sem extrato. Também melhorou as propriedades físicas do filme, como umidade, solubilidade e luminosidade”, explica Larissa Soares. “Os filmes incorporando o extrato da casca do jatobá mostraram ainda o potencial como embalagens bioativas e biodegradáveis verdes, que são uma alternativa às embalagens contendo derivados de petróleo,” acrescenta.

“Nós tentamos resolver problemas ambientais, entre eles o descarte de resíduos do jatobá tanto pela indústria de polpas quanto por pessoas que utilizam a fruta para fazer doces ou até remédios caseiros”, salienta a professora Luciana Santana, orientadora da pesquisa.

Vantagens do jatobá

De acordo com Larissa Soares, o bioplástico de jatobá possui diversas vantagens, como a inibição de microrganismos patogênicos e a ampliação da atividade antioxidante, que contribui para a conservação dos alimentos embalados. Nos testes realizados, a adição do extrato de jatobá no plástico aumentou em até 60 vezes a atividade antioxidante in vitro em comparação com filmes sem o extrato.

Bioplástico foi desenvolvido a partir de resíduos da casca do jatobá. Foto: Caio Ribeiro TV UFS

O bioplástico também demonstrou melhorar as propriedades físicas do filme, como umidade, solubilidade e resistência à luz, o que ajuda a preservar melhor o alimento. Em estudos preliminares, o filme foi aplicado em carne de frango, e os resultados mostraram grande potencial para prolongar a vida útil do produto. Além de ser uma inovação científica, o trabalho de Larissa também atende à crescente demanda por soluções mais ecológicas, como os plásticos biodegradáveis.

Embora ainda não haja um patrocinador industrial, Larissa afirmou que seu trabalho está disponível para parcerias com empresas interessadas em comercializar a ideia. Para isso, a pesquisa será apresentada em eventos como feiras de tecnologia e agroindústria, com o objetivo de atrair investidores para a industrialização do produto.

A professora Luciana Santana, orientadora de Larissa, destacou o potencial de aplicação do material, principalmente na preservação de alimentos, alinhando a pesquisa às necessidades emergentes de alternativas sustentáveis no setor agropecuário e alimentício.

Além disso, Luciana contribuiu para a ampliação da pesquisa, incentivando o desenvolvimento de uma linha de estudo sobre os revestimentos comestíveis. Com sua orientação, Larissa foi capaz de explorar como a casca do jatobá poderia ser utilizada para criar uma película protetora e natural, que poderia ser aplicada diretamente nas frutas, aumentando sua durabilidade de maneira ecológica.

 

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