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Humanizar ou idolatrar? 

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Por Valtênio Paes de Oliveira (*)

Quem diria, humanos defendendo humanização! O século XXI, por força das mudanças tecnológicas e individualismos radicais, se permite a esses extremos. Marcado pela instantaneidade e consumismo enseja que valores como respeito, solidariedade, amizade desinteressada, cooperação, bem-estar coletivo, cultura de paz sejam esquecidos na futilidade de terceirizar a culpa. É sempre assim: não tenho tempo; essa modernidade; o trabalho. Enfim, os outros.

Neste toar, afloram radicalismos conservadores e idolatrias em todos os setores da civilização. Na política, na religião, nos esportes, nas artes e no consumismo, dentre outros, acontece com fãs fazendo qualquer sacrifício, sem racionalidade para assistirem, “seguirem” ou obedecerem, o artista, o atleta, o líder religioso, o político, o intelectual, tudo, cegamente. Aceitam as manifestações dos ídolos como se fossem verdades homericamente únicas. Fanatismos arrebatadores resultam em sacrifícios, até em mortes. Eleições são decididas pela força do ódio e da idolatria. Esta aliança é perversa nas sociedades democráticas adeptas da cultura de paz.

Pessoas introjetam a dependência como alimento mental, banem a racionalidade  do seu interior,  priorizam a idolatria na vida terrena e alucinam seu cotidiano como se verdade única fosse. Bem que poderiam alternar graus de respeitabilidade e admiração na família, cultura, política, religião, arte e ciência, sem idolatrar. Pessoas são falíveis e podem ensejar a decepção.

Por outro lado, não podemos construir decepção culpando terceiros. Agentes da beleza, da qualidade, do saber, da arte, até que sejam admirados, jamais, idolatrados. Admiração saudável não tem idolatria. Para os idólatras, seu idolatrado sabe tudo infalivelmente, se esgota na essência por força do fanatismo. Exercitar a razão pressupõe aprendizado constante, convivência, humildade na busca e produção das verdades sem o rigor de radicalismos condicionantes.  Este começo de século pede um ponto de equilíbrio no qual a individualidade não seja prioridade.

Enquanto pessoas, somos inquestionavelmente humanos. Portanto, busquemos ser todos iguais, no mérito, nas virtudes, símbolos, erros e acertos. Na terra não existem sagrados, e como tal, não podemos cair na idolatria sob pena de praticarmos o totemismo retroagindo à ancestralidade terrestre. Idolatrar é irreal e decepciona. Todo aquele que idolatra perde a razão e o equilíbrio emocional, fica sujeito às inconsequências que prejudicam a si e à humanidade.

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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