Outras palavras

Diana, esse medo de ficar só me apavora

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Por Claudefranklin Monteiro Santos (*)

 

Acabei de saber de seu falecimento. E não poderia ter sido diferente, por meio de um programa de FM. Afinal, por algum tempo, ela e suas canções mereceram a atenção das emissoras de rádio do Brasil, notadamente da antiga modulação AM. Com 76 anos de idade, um dos maiores nomes da música romântica e popular brasileira nos deixou, no dia 21 de agosto, ainda, com uma legião de fãs espalhadas pelos inúmeros e variados rincões do país.

Ana Maria Siqueira Iório (Diana) estava residindo na cidade Araruana- RJ, quando foi encontrada sem vida por seu filho, André Iório. Carioca, do bairro de Botafogo, ela nasceu no dia 2 de junho de 1948. Surgiu para o mundo artístico no final dos anos 60, alcançando um enorme sucesso nos anos 70. Sua primeira gravação é de 1972, com lançamento do compacto “Ainda queima a esperança”.

Casou-se com Odair José e juntos assinaram o hit “Foi tudo culpa do amor”, em 1974. Com temperamentos muito diferentes, não seguiram adiante com a relação, da qual nasceu Clarice. Ainda nos anos 70, trabalhou com Raul Seixas, que foi o produtor do LP “Dianna” (1972). A partir dos anos 80, seu nome foi saindo do circuito midiático, mas ela seguiu fazendo shows, até se recolher a partir dos anos 2000. Nos últimos anos, adotava o nome artístico para Diannah.

“Por que Brigamos” foi, certamente, seu grande sucesso. Trata-se de uma versão da música “I Am.. I Said…” (1971), de Neil Diamond, cantor norte-americano, hoje com 83 anos. A canção em português ficou a cargo do produtor musical Rossini Pinto. A letra traduz todo o repertório dela e a ideia tema que a inspirou: a solidão. Sua interpretação, seja dessa música, como das demais, é um primor. Com uma voz leve e suave, Diana cantava sem esforço e mexia com os corações apaixonados.

Entre 1969 e 2000, dezenas de gravações, seja em compactos, seja em álbuns, CD´s, além do que pode ser encontrado em plataformas como Spotify e YouTube. Era presença certa em programas de TV, como os apresentados por Chacrinha e Sílvio Santos.

O que para uma minoria preconceituosa e elitista, inclusive intelectual, Diana era do time da cafonice (uma versão feminina de Roberto Carlos), hoje, seria turma da sofrência, tanto que nomes como Marília Mendonça regravaram seus mais importantes sucessos. Há versos, em “Por que Brigamos” de grande valor sentimental, como o que nomeia este texto, afora: “Pois eu me prendi a sua vida/ Muito mais do que devia”; ou ainda “Quando é noite de regresso, você briga / Por qualquer motivo”. Realidades de inúmeros casais daqueles anos 70 e 80, onde o divórcio, já uma realidade, ainda era grande tabu social.

Nestas décadas, eu cresci ouvindo rádio diariamente. E entre minhas canções favoritas na voz de Diana, estão até duas em particular: “Fatalidade” e “Ainda queima a esperança”, de Mauro Motta / Raul Seixas. Esta última chegou a ficar no top 10 daquela época, entre as mais pedidas pelo público radiouvinte, da qual se sobressai o verso “Meus parabéns agora / E feliz aniversário amor / Estás feliz agora / Depois que tudo acabou”.

De Enrique Mota, “Fatalidade” (1972) é outro primor de letra e canção interpretadas por Diana. Mais uma vez a solidão, mas também o abandono e ao mesmo tempo a esperança: “Mas se resta um sentimento, no seu coração amigo, que eu tanto magoei quando parti / Eu lhe peço que esqueça, nossa briga de um momento, pois não vou me conformar em lhe perder”. Sem falar no belíssimo arranjo instrumental que é algo que se imortaliza, como ficarão estrelas, a exemplo de Diana.

 

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Claudefranklin Monteiro

Professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.

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