Capítulo DeMolay Zenilde Melo Dias, capitaneado pela Loja Clodomir Silva Foto: Diego Barboza
Por Diego Barboza (*)
Em tempos de incerteza moral, desinformação e enfraquecimento de laços sociais, as entidades paramaçônicas juvenis surgem como importantes espaços de acolhimento, desenvolvimento humano e promoção de valores sólidos. No Brasil, destacam-se nesse cenário a Ação Paramaçônica Juvenil (APJ), a Ordem DeMolay, a Ordem Internacional das Filhas de Jó e a Ordem Internacional das Garotas do Arco-Íris, que, embora distintas em origem e público, compartilham um ideal comum: formar jovens conscientes, éticos e comprometidos com o bem coletivo.
A história dessas ordens remonta ao início do século XX, período marcado por fortes transformações sociais. A Ordem DeMolay, por exemplo, foi fundada em 1919 nos Estados Unidos por Frank Sherman Land, com o propósito de oferecer direção e valores a jovens órfãos da Primeira Guerra Mundial. Seu nome homenageia Jacques DeMolay, último grão-mestre dos Cavaleiros Templários, símbolo de lealdade e honra diante da injustiça.
As Filhas de Jó Internacional, fundada em 1920 por Ethel T. Wead Mick, foi inspirada nas três filhas de Jó — Kézia, Jemima e Keren-Happouk —, que são citadas nas Sagradas Escrituras como “as mulheres mais justas de toda a Terra” e são símbolo de pureza, fé e superação. Já a Ordem Internacional do Arco-Íris para Meninas, criada em 1922, também nos EUA, promove a fé, esperança e caridade entre meninas e adolescentes, com ênfase no crescimento espiritual e cívico.
No Brasil, essas ordens chegaram a partir da segunda metade do século XX, sendo abraçadas pela Maçonaria como formas de incentivar a juventude por meio da educação moral e cívica. A APJ surge mais recentemente, como uma iniciativa brasileira do Grande Oriente do Brasil, com um perfil mais abrangente e inclusivo, voltado a jovens de diferentes contextos sociais e familiares.
Vivemos um tempo em que os jovens enfrentam uma realidade paradoxal: têm acesso irrestrito à informação, mas carecem de formação. O excesso de estímulos superficiais, as redes sociais como medidores de autoestima, o enfraquecimento da autoridade familiar e o descrédito nas instituições públicas criam um cenário de fragilidade emocional, imediatismo e desorientação moral.
Nesse contexto, as entidades paramaçônicas juvenis surgem como um contraponto saudável e construtivo. Elas oferecem vivências baseadas na disciplina, na responsabilidade coletiva, no respeito às diferenças, no pensamento crítico e no voluntariado. São verdadeiras “escolas da vida”, onde o jovem aprende na prática sobre liderança, empatia, solidariedade e organização.
A vivência ritualística e simbólica, comum às ordens, não tem um caráter religioso ou doutrinário, mas sim pedagógico. Ela estimula o senso de pertencimento, a introspecção e a valorização dos princípios universais como a liberdade, a justiça e a fraternidade. Ao integrar um capítulo da DeMolay, um Bethel das Filhas de Jó, uma Assembleia do Arco-Íris ou Núcleo Apejotista, o jovem se vê inserido em um grupo que exige compromisso, ética e ação concreta — muito diferente das bolhas virtuais onde o engajamento raramente ultrapassa o clique.
Muitos desses jovens participam de campanhas solidárias, ações de arrecadação de alimentos, visitas a asilos e hospitais, palestras sobre saúde mental, meio ambiente e civismo. Além disso, aprendem oratória, organização de eventos, resolução de conflitos e tomada de decisões — habilidades que os colocam em vantagem no mundo acadêmico, profissional e social.
Os projetos realizados pelos jovens dessa entidade mostram que é possível unir idealismo com ação, espiritualidade com cidadania.
Embora não estejam nas manchetes dos jornais, essas ordens constroem uma verdadeira rede silenciosa de transformação. A longo prazo, contribuem para formar líderes mais humanos, cidadãos mais conscientes e pessoas mais preparadas para enfrentar os desafios éticos e sociais do nosso tempo.
É preciso destacar que tais entidades não têm fins religiosos ou políticos, e estão abertas a jovens de diferentes crenças, raças e realidades sociais. Elas não competem com a escola ou a família — ao contrário, fortalecem esses laços ao dar ao jovem referências consistentes de identidade, propósito e pertencimento.
Em um Brasil marcado por incertezas e urgências, as entidades paramaçônicas juvenis são como faróis silenciosos apontando um norte seguro. Investir nelas é investir na juventude, e investir na juventude é plantar esperança no presente e colheita de futuro. Que a sociedade civil, a maçonaria e o poder público possam reconhecer e apoiar com mais vigor essas experiências formadoras. Em tempos de desbaste moral, esses jovens são as sementes que prometem reflorestar os valores que nos unem.
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