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Sergipe deve ampliar a safra de milho em 2025 e segue líder na produtividade

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A safra de milho em Sergipe deve registrar um crescimento de 4,9% em 2025, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mantendo o ritmo de expansão que já vinha sendo observado nos últimos anos. O estado, que se destaca como o de maior produtividade de milho do Brasil, deve ultrapassar a marca de 1,05 milhão de toneladas de grãos, impulsionado pelas boas condições climáticas e pelo fortalecimento do crédito agrícola e da assistência técnica aos produtores.

De acordo com o levantamento sistemático da produção agrícola, Sergipe produziu 1.004.727 toneladas de grãos de milho em 2024 e já contabiliza 1.005.008 toneladas neste ciclo, confirmando a tendência de alta. Os municípios de Carira, Simão Dias e Poço Verde continuam liderando a produção estadual, mas o Alto Sertão Sergipano — especialmente Gararu, Nossa Senhora da Glória, Porto da Folha e Canindé de São Francisco — vem ganhando protagonismo, com produtividade superior à média nacional.

“O IBGE projeta um aumento de quase 5% para esta safra, mas eu particularmente acredito que o crescimento será ainda maior”, avalia Sérgio Walttenberg, técnico agropecuário da Emdagro, destacando que o ano foi favorável em termos de chuvas e crédito rural. “Tivemos um bom período chuvoso no Alto Sertão e continuidade nos incentivos financeiros para custeio agrícola. O resultado disso é uma safra que tende a superar as expectativas oficiais”, explica.

Segundo ele, a produtividade média de milho em Sergipe é de 3.614 quilos por hectare, superando a média nacional e colocando o estado na liderança em rendimento por área cultivada. “Há dez anos, a gente produzia 1.200 quilos por hectare. Hoje, em municípios como Gararu, há propriedades que atingem até 9 mil quilos por hectare — algo que nem regiões do Sul do país conseguem alcançar”, completa Walttenberg.

Escoamento da produção

De acordo com Sérgio Walttenberg, parte expressiva da safra de milho do Alto Sertão sergipano é escoada para outros estados do Nordeste. Em Gararu, por exemplo, todo dia você vê um universo de carretas passando, levando grãos para Pernambuco e Alagoas, para empresas como a Coringa, que fabrica massa de cuscuz. Também vai muito milho para São Bento do Una, onde a avicultura é muito forte. Os carreteiros já sabem disso e se deslocam até a região para garantir o frete. A gente vê esse movimento em Gararu, em Glória e em outros municípios, mas é nessa área que a produção de grãos é mais forte”, explica Walttenberg.

A produção do milho é escoado para vários Estados Foto: Ascom/Emdagro

A forte integração entre a produção de milho e a pecuária leiteira é um dos fatores que sustentam o crescimento agrícola no Alto Sertão. A região, responsável por alguns dos maiores volumes de leite do Brasil, tem no milho a base da alimentação animal, especialmente para a produção de silagem e forragem. “Onde tem leite, tem que ter comida. E nada supera o milho como volumoso para o gado”, reforça Sérgio Walttenberg.

O técnico explica que o ciclo de colheita do milho na região varia conforme a destinação do produto. “O milho, no geral, é colhido de agosto até novembro. Em agosto, é aquele milho destinado à forragem, porque vai para silagem. Quando chega com 98 a 100 dias, todo mundo tem que colocar no silo, senão perde a qualidade e o tempo ideal”, detalha.

Segundo Walttenberg, em municípios como Porto da Folha, Poço Redondo e parte de Nossa Senhora da Glória, onde há maior produção voltada à alimentação animal, o milho para silagem já foi colhido e armazenado. “Esse foi para forragem, como volumoso. Já o milho grão começa a ser colhido a partir da segunda quinzena de outubro e segue até o início de novembro, variando conforme as condições climáticas”, explica.

Ele acrescenta que parte dos produtores também utiliza o que é chamado localmente de ‘rolão’, ou MDPS (milho desintegrado com pé e sabugo), uma forragem seca usada como ração. “Esse tipo de milho pode ficar mais tempo no campo antes de ser cortado. Mas, para grãos, acredito que até o dia 10 ou 15 de novembro todo mundo já tenha concluído a colheita”, observa Walttenberg.

Dos 9.881 produtores de milho existentes na região, cerca de 3 mil são voltados à produção de grãos, enquanto os demais destinam a colheita para forragem e silagem. No estado inteiro, são 14.783 agricultores cultivando o cereal, em 68 dos 75 municípios sergipanos.

Incentivos e programas do governo fortalecem a produção

Secretário de Agricultura de Sergipe, Zeca da Silva Foto: Fernando Augusto/Seagri

O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, atribui o avanço da cultura do milho à combinação de tecnologia, crédito e políticas públicas. “A liderança da cultura do milho em Sergipe decorre da introdução de boas práticas de cultivo, mecanização moderna, uso de insumos adequados e acesso ao crédito por bancos públicos, como o Banese, que vem ampliando a oferta de crédito agrícola e abrindo agências especializadas próximas ao produtor”, afirma.

Um dos programas que tem impulsionado a produção é o ‘Sementes do Futuro’, responsável pela distribuição de 980 toneladas de sementes de milho e arroz a agricultores familiares de 60 municípios, com investimento total de R$ 12,7 milhões. Além disso, a Coderse administra seis perímetros públicos irrigados, que beneficiam mais de 14 mil pessoas, responsáveis pela produção de 122 mil toneladas de alimentos em 2024.

Alta produtividade e diversificação agrícola

O IBGE também apontou crescimento em outras culturas estratégicas do estado, como laranja, cana-de-açúcar e coco-da-baía. A safra de laranja alcançou 402 mil toneladas até agosto, um aumento de 6,2% em relação ao ano anterior, e praticamente dobrou seu valor de produção, passando de R$ 368,7 milhões para R$ 718,6 milhões.

A produção total de grãos em Sergipe deve atingir 1.047.859 toneladas em 2025, confirmando o bom desempenho do setor e o papel central da agricultura familiar. “O governo tem priorizado as ações voltadas aos pequenos produtores, com assistência técnica, pesquisa agrícola e fomento tanto para áreas irrigadas quanto de sequeiro”, reforça o secretário Zeca Ramos da Silva.

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Antonio Carlos Garcia

Editor do Portal Só Sergipe

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