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O viajante Luiz Thadeu parte para uma volta ao mundo movido pelos sonhos

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Por Antônio Carlos Garcia (*)

  No próximo dia 26 de outubro, o escritor,  palestrante e colunista do Portal Só Sergipe, Luiz Thadeu Nunes inicia mais uma jornada pelo mundo — uma viagem de 31 dias, percorrendo 44.430 quilômetros, o equivalente a uma volta completa ao redor da Terra. Serão 61 horas de voo e dez países inéditos no roteiro, tendo como ponto de partida São Luís, com a primeira escala em Fortaleza, e destino final em Amsterdam, ponto de partida para a travessia entre a Europa e a Ásia.

Meu mote é meu sonho.”, define Luiz Thadeu, em sua casa em São Luís, “a última capital do Nordeste brasileiro”, como ele gosta de dizer. “Sexta-feira é o dia em que desacelero da vida para sonhar. Todos os dias eu reservo um tempo para isso, porque os sonhos são a minha matéria-prima.

E nesses sonhos, estão as viagens, como essa que nasceu a partir de uma mudança de planos. “Meu roteiro inicial era pela África, mas esbarrei em um muro de exigências. Onze países, e todos pedindo vacinas e vistos com burocracia. Eu pensei: se é tão difícil entrar, é porque não me querem. E não vou forçar a entrada em lugar que não me recebe de braços abertos”, conta.

Foi então que entrou em cena o amigo Ivan Zanella, especialista em roteiros e passagens aéreas, responsável por transformar o impasse em descoberta. “Ivan me perguntou: ‘Por que não começamos pela Europa?’. E eu respondi: ótimo, assim visito o último país europeu que me falta — a Islândia. De repente, percebi que, com pequenas conexões, faria uma volta completa ao planeta.”

O roteiro, cuidadosamente planejado, parte de São Luís e segue por Fortaleza, Amsterdam, Reykjavik, Varsóvia, Baku, Dushanbe, Toshkent, Bishkek, Almaty, Ulan Bator, Pequim, Riadee Istambul. A jornada deve durar 31 dias, com passagens por dez países inéditos, somando 161 na lista total de Luiz Thadeu — um feito que poucos viajantes brasileiros alcançaram.

O roteiro de viagem de Luis Thadeu

“Dos 50 países da Europa, só faltava a Islândia. Agora fecho o segundo continente. Já conheço todos os 36 das Américas. Me faltam alguns na Ásia e na África. Eu brinco que, depois de conhecer o planeta, vou virar guia turístico de Deus”, diz rindo.

Um viajante com fé inabalável

A leveza das palavras contrasta com a história que o moldou. Em 2008, Luiz Thadeu sofreu um grave acidente, que o deixou entre a vida e a morte. Foram seis anos de recuperação, 43 cirurgias e 26 pinos de platina no corpo. “Saí do hospital em uma cadeira de rodas e com uma missão: não desperdiçar mais um dia sequer da vida que Deus me devolveu”, lembra.

Desde então, o jornalista maranhense tornou-se referência de superação. “Sou um homem de fé extrema. Quando voltei a andar, fiz uma promessa: iria agradecer a Deus conhecendo o mundo que Ele criou. E Ele tem me sustentado em cada passo, em cada embarque, em cada fronteira.”

A primeira viagem após o acidente foi um divisor de águas. “Quando pisei de volta em Guarulhos, olhei para o alto e disse: ‘Senhor, quero conhecer o mundão que o Senhor fez’. E Ele me deu isso. Eu nunca fui rico, mas aprendi que riqueza é poder sonhar e caminhar. O resto é acessório.”

O bolso, o planejamento e o propósito

Luiz Thadeu, autor do livro das “Muletas fiz asas”

Luiz Thadeu faz questão de esclarecer que suas viagens são bancadas por ele mesmo. “Quem financia minhas aventuras é meu bolso. Aprendi desde os oito anos a guardar dinheiro. Hoje não invisto mais em carro, nem apartamento. Meu investimento é o mundo. O retorno vem em forma de experiência, cultura, fé e história.”

O orçamento é detalhado com precisão: cerca de R$ 16 mil em passagens aéreas, algumas adquiridas com milhas, e US$ 1.500 para hospedagem e alimentação ao longo do mês. “Eu pesquiso muito, me hospedo em lugares simples, mas limpos e seguros. Não viajo para luxar, viajo para viver.”

Ele costuma se preparar com antecedência: organiza documentos, revisa seguros de viagem e verifica condições de saúde. “Tenho acompanhado minha pressão, que anda um pouco oscilante, mas viajo com seguro total, com cobertura médica e assistência. A idade chega, e é preciso respeitar o corpo, sem deixar a alma envelhecer.”

O homem que fez das muletas asas

Há anos, Luiz Thadeu caminha com muletas. “Elas são minhas asas, pois minhas pernas não respondem. Cada passo é uma conquista, e cada fronteira é uma vitória sobre o que me disseram que seria impossível.”

Essa trajetória o transformou em palestrante e escritor, já ouvido e lido em países como Portugal, Angola e Moçambique. “As pessoas me chamam de Forrest Gump brasileiro, e eu gosto. Porque Forrest Gump é aquele que simplesmente vai — e é isso que faço. Vou, porque ficar parado não combina com a gratidão que tenho pela vida.”

Em São Luís, ele mantém um ritual: sempre que regressa de uma viagem, faz questão de visitar a Igreja de Santo Antônio para agradecer. “Nunca volto sem agradecer. Viajar é uma bênção, mas voltar é um milagre.”

A vida, o tempo e os sonhos

Prestes a completar 67 anos no dia 7 de dezembro, Luiz fala da passagem do tempo com serenidade. “A gente envelhece, mas o sonho não tem rugas. Enquanto eu puder colocar um pé depois do outro, vou continuar sonhando.”

Ele repete uma de suas frases preferidas, que virou lema de vida: “Aproveite a Terra enquanto está em cima dela”.

“Tem gente que espera o momento ideal, o dinheiro ideal, o corpo ideal. Eu não espero mais nada. Faço o que posso com o que tenho. O importante é não parar.”

De São Luís para o mundo

A cada embarque, Luiz carrega duas bandeiras: a do Brasil e a do Maranhão. “Sou um cidadão do mundo, mas minha raiz está aqui. São Luís é minha base, meu ponto de partida e chegada. Daqui já saí para os cinco continentes, e daqui parto outra vez.”

Ele também destaca o apoio de amigos e familiares. “Sem as pessoas que torcem por mim, nada disso seria possível. Tenho amigos que me ajudam com dicas, com reservas, com palavras. E isso é combustível.”

Viajar é agradecer

Luiz encerra a conversa com a mesma poesia com que começou. “Minha matéria-prima são os sonhos. É com eles que construo tudo. Se um dia eu deixar de sonhar, deixo de existir. Enquanto tiver um sonho, terei um destino.”

“Viajar é a forma que encontrei de agradecer por estar vivo. E o mundo é meu altar. Cada país, uma prece. Cada escala, um recomeço.”

 

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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