Cotidiano

Linguagem violenta e simulação no futebol desqualificam o esporte

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Por Valtênio Paes de Oliveira (*)

 

A linguagem falada no futebol está repleta de palavras que denotam violência e simulação. A primeira cotidianamente exala: “o jogador deu um tiro… o atleta soltou uma bomba… disparou…”.  Já a simulação, enquadrada em vários crimes no Código Penal — os artigos 347, 157, 239  —  e no Código Civil, artigo 167, é marcante em várias cenas de disputa pela bola. Numa única partida de futebol, dezenas de vezes os atletas simulam quedas mirabolantes, dores irresistíveis, para serem salvos com “água santa” ou um spray salvador dos massagistas.

A contaminação social é tamanha que crianças entre cinco e dez anos já reproduzem, nas suas brincadeiras de peladas nas ruas e nas quadras, o mesmo comportamento:  privilegiam a mentira e desonestidade em detrimento da honra, da verdade e da prática justa do esporte.

Locutores esportivos descuidados, na TV, rádio e outros veículos de comunicação, semeiam palavreados violentos familiarmente. Há até clubes com nomes identificados com a violência, a exemplo do Arsenal, da Inglaterra. Nomes de torcidas organizadas: Máfia Azul, do Cruzeiro; Fúria Jovem, do Botafogo, dentre outras. Torcidas organizadas que se confrontam dentre e fora do campo, ensejando práticas desenfreadas de violência seguidas de mortes.

Extrapola-se dentro e fora do campo com uso de substâncias ilegais. Familiares levam filhos aos estádios e brigam com terceiros. No domingo,19.10.25, a presidente do Palmeiras não acompanhou seu clube ao jogo com o Flamengo no Rio de Janeiro temendo por sua segurança, ante a disputa financeira travada entre as duas agremiações.

O clube rubro-negro pediu judicialmente a retenção de milhões de reais. Somente conseguiu até agora 1,6 milhão. O Palmeiras lidera os demais clubes da liga  que administra os direitos econômicos, opondo-se à pretensão do time carioca. A judicialização foi parar no Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem.  Por outro lado, o cassino das bets está em qualquer esquina, em todas as cidades, do centro à periferia. A aliança da jogatina com a linguagem violenta, a simulação e a popularidade do futebol atravessa a prática saudável do esporte tornando-o um campo minado de vícios e maldades.

Urge que o esporte seja usado para o bem da sociedade. Práticas esportivas corretas melhoram o humor, reduz a o estresse e a depressão, facilita a socialização. Reflete até no desempenho escolar. O esporte pelo apelo popular que possui, bem que poderia ser estimulado como instrumento de disputa sadia, capacidade de convivência harmônica, disciplina, socialização e tantos outros valores morais e sociais tão carentes no momento atual.

 

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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