O município também se destaca pela produção de cervejas artesanais Foto: Redes Sociais
Por Antônio Carlos Garcia (*)
Alagoinhas, no agreste baiano, a 114 quilômetros de Salvador, tem um título que enche de orgulho seus 160.662 habitantes: é reconhecida como a Capital Estadual da Cerveja. O motivo — segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego, Deraldo Alves — está nas águas subterrâneas de excelente qualidade que abastecem o município, um diferencial que atraiu grandes grupos cervejeiros e impulsionou o nascimento de uma cena artesanal vibrante.
“É uma água muito boa, que precisa de pouco tratamento químico para a produção da cerveja”, explica o secretário. O manancial que alimenta a cidade é o Aquífero de São Sebastião, que passa sob o município. “Hoje nós não estamos utilizando nem 15% da nossa capacidade de água disponível. Temos um potencial muito grande ainda pela frente”, completa.
O título de Capital Estadual da Cerveja é fruto de um projeto de lei de autoria da deputada estadual baiana Ludmilla Fiscina (PV), e foi promulgada em 11 de outubro de 2023, que criou também o festival Bahia Beer.
Essa qualidade natural foi descoberta ainda na época da antiga cervejaria Schincariol (Skin), que se instalou na cidade em novembro de 1997 e revelou o potencial do aquífero. Desde então, outras grandes indústrias seguiram o mesmo caminho, consolidando Alagoinhas como polo cervejeiro do Nordeste e do Brasil.
Atualmente, duas gigantes empresas do setor estão instaladas na cidade — Grupo Petrópolis e Heineken — que juntas geram entre 1.700 e 1.800 empregos diretos. “Elas são fundamentais para o município. Apesar de terem dedução do ICMS de até 81% pelo Estado, geram bastante arrecadação de ISS, PIS e Cofins, além de contribuir com o FPM. Então, movimentam fortemente a economia local”, destaca o secretário Deraldo Alves.
Mas Alagoinhas não vive só das grandes marcas. O município também se destaca pela produção de cervejas artesanais, com cerca de dez microcervejarias em atividade. E o próximo passo é histórico: “Estamos criando agora a primeira Cooperativa de Cervejeiros Artesanais da Bahia. Ela vai atender não só Alagoinhas, mas todo o Estado, com o objetivo de fortalecer o setor”, revela o secretário.
O cenário é tão favorável que o município está se preparando para ampliar sua vocação industrial, atraindo também empresas de outros segmentos, como refrigerantes. “Temos uma empresa peruana grande, que vai fazer agora uma ampliação de R$ 41 milhões”, diz Deraldo. Segundo ele, a prefeitura segue ativamente na busca por novos investidores. “Nosso manancial é muito rico e temos capacidade de atender mais indústrias.”
A tradição cervejeira também é celebrada em eventos anuais. De 7 a 9 de novembro, a cidade realizará o Bahia Beer, festival que reúne grandes marcas, cervejeiros artesanais e apreciadores da bebida. “É um evento muito importante, que mostra como Alagoinhas vive essa cultura da cerveja”, afirma o secretário.
O Grupo Petrópolis — dono de marcas como Itaipava, Cristal, Petra, Black Princess, TNT e o refrigerante IT! — é uma das principais âncoras da economia de Alagoinhas. A unidade local produz cerca de 9 milhões de hectolitros de cerveja por ano, o que equivale a 750 mil hectolitros por mês.
Segundo o gerente-geral da unidade, Renato Souza, a estrutura é de grande porte. “Temos duas linhas de envase de lata, com capacidade de 128 mil latas por hora cada, totalizando 256 mil latas/hora. Também contamos com duas linhas de garrafas, com 62 mil garrafas por hora cada, além de linhas de refrigerantes e chope. É uma fábrica de capacidade bem robusta”, explica.
A produção abastece principalmente Bahia e Sergipe, além de parte do Piauí e Maranhão. “É uma região de alto consumo de cerveja. Esse cinturão entre Alagoinhas, Camaçari, Feira de Santana e Salvador é muito forte”, comenta Renato.
O grupo gera cerca de 780 empregos diretos e 3.500 indiretos. Instalado na cidade desde 2013, o complexo ocupa uma área construída de 92 mil metros quadrados — quase o dobro do tamanho original. “Foi um antigo sítio, onde construímos essa estrutura que hoje é de primeira grandeza. Temos muito orgulho do que construímos aqui”, afirma.
Renato destaca que a presença da empresa ajuda a difundir a cultura cervejeira local. “É benéfico, é a cultura cervejeira sendo difundida. A gente apoia os cervejeiros artesanais, participa de rotas cervejeiras e eventos, como o Bahia Beer. É muito bom ver essa integração.”
O executivo também cita as marcas mais consumidas e o crescimento das bebidas sem álcool, como a Itaipava Zero Álcool. “É um produto que vem crescendo muito. E o chope Itaipava, quando servido direto do tanque, é uma experiência imperdível”, brinca.
Até o final deste ano, o grupo completa um ciclo de ampliações e investimentos recentes, e agora foca em ações de mercado e eventos, com o objetivo de expandir o consumo. “A fábrica ficou robusta. Agora o foco é no consumidor e em fortalecer nossa presença na região”, explica Renato. A empresa mantém ainda o Beertour, um passeio promovido periodicamente para jornalistas, que inclui visita à fábrica e degustação.
Sob o solo de Alagoinhas, no agreste baiano, corre silencioso um dos maiores patrimônios naturais do Nordeste: o Aquífero São Sebastião, um reservatório subterrâneo de águas puras e de altíssima qualidade que sustenta o título de “Capital Brasileira da Cerveja”. É dele que vem a água usada por grandes grupos industriais, como o Grupo Petrópolis e a Heineken, além de abastecer a população e inspirar o florescimento das microcervejarias locais.
Estudos recentes da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS) revelam que as águas do sistema Marizal–São Sebastião são de excelente qualidade físico-química e requerem pouco tratamento para uso industrial e humano. Esse é um dos fatores que tornam Alagoinhas um polo estratégico para a produção de bebidas — e explicam o interesse contínuo de novas indústrias em se instalar na região.
“É uma água muito boa, que precisa de pouco tratamento químico para produzir cerveja”, afirmou recentemente o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Emprego, Deraldo Alves, destacando que o município utiliza menos de 15% de seu potencial hídrico disponível.
O Aquífero São Sebastião, que se estende por baixo de praticamente todo o território de Alagoinhas, é parte do Sistema Aquífero Marizal–São Sebastião, que ocupa o Recôncavo Norte da Bahia. Segundo os estudos, ele responde por cerca de 6% a 7% do volume total das reservas subterrâneas da região.
O aquífero é subterrâneo e sedimentar, formado por arenitos e folhelhos, rochas que permitem a infiltração e o armazenamento da água da chuva. Sua recarga é natural e contínua, o que garante sustentabilidade hídrica a longo prazo — um diferencial raro em áreas de expansão industrial.
“Mesmo com o crescimento das indústrias de bebidas, o volume captado está muito abaixo do limite de segurança. O sistema opera de forma sustentável”, aponta um dos relatórios técnicos da ABAS.
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