Prof. Manuel Luiz Figueiroa (*)
O que se passa na mente dos pensadores? Qual o seu mundo mental? Personagem como Sir Isaac Newton (1642–1727) — físico, matemático, astrônomo, alquimista e filósofo — reconhecido como pai da física clássica, e suas descobertas formam a base de grande parte da ciência moderna. Newton era uma pessoa muito reservada e profundamente religiosa. Estudou alquimia e teologia boa parte da vida. Sua obra mais famosa, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, conhecida como Principia Mathematica, publicada em 1687, é um dos livros científicos mais importantes de todos os tempos. Essa obra foi dividida em três livros:
Livro I – Leis do movimento
Livro II – Movimento em meios resistentes
Livro III – O sistema do mundo
Newton foi presidente da Royal Society e foi condecorado cavaleiro (“Sir”) pela rainha Ana, última monarca da dinastia dos Stuarts, da Grã-Bretanha, em 1705, com cerimônia em Cambridge, onde estudou e trabalhou.
A Terceira Lei de Newton, abordada no primeiro livro, também conhecida como Princípio da Ação e Reação, tem a seguinte formulação: “A toda ação corresponde uma reação de mesma intensidade e sentido contrário.”
Essa lei afirma que sempre que um corpo exerce uma força sobre outro, o segundo corpo exerce uma força de igual intensidade, mesma direção, mas em sentido oposto sobre o primeiro.
Matematicamente:
F₁₂ = –F₂₁
Onde:
F₁₂ é a força que o corpo 1 exerce sobre o corpo 2,
F₂₁ é a força que o corpo 2 exerce sobre o corpo 1.
O sinal de menos indica que os vetores atuam em sentidos opostos. Isto é, as forças são opostas em sentido, mas iguais em intensidade e direção.
A ação e a reação atuam em corpos diferentes, por isso não se anulam. Elas ocorrem simultaneamente, sem atraso entre uma e outra.
A Terceira Lei de Newton tem sido usada metaforicamente nas relações humanas ou sociais para dizer que “toda atitude gera uma resposta”. Mas é bom lembrar que, fora da física, essas “reações” podem não ser simétricas nem imediatas.
Ofensa é qualquer ação, palavra ou gesto que fere, humilha ou desrespeita alguém — moral, física ou psicologicamente. Pode ocorrer de forma intencional ou não, e seu impacto varia conforme o contexto e a sensibilidade da pessoa ofendida.
Entre os tipos de ofensa previstos no Código Penal Brasileiro, destacam-se: Injúria (art. 140) — Ofender a dignidade ou o decoro de alguém; Difamação (art. 139) – Atribuir fato ofensivo à reputação de alguém; Calúnia (art. 138) — Acusar alguém falsamente de um crime. O que se depreende é que o ordenamento jurídico estabelece o procedimento legal para reagir à ação da ofensa.
Quando alguém ofende (ação), a tendência natural é que o outro reaja com algo proporcional: raiva, mágoa, desejo de vingança (reação). Assim como na física, as relações humanas tendem a entrar num ciclo de ação e reação — dor gerando mais dor.
O perdão é a anti-reação, em vez de responder com força oposta (ódio, revanche), a pessoa opta por não revidar. O perdão quebra o automatismo entre ação e reação. Mostra que, no plano moral, existe liberdade — e podemos interromper o ciclo da violência.
Resumidamente a Terceira Lei de Newton é uma lei da natureza física, automática e inevitável, mas nas relações humanas, a consciência e o perdão permitem escolher outra resposta. O perdão é uma espécie de transcendência da reação natural. Por isso é tão poderoso: ele não ignora a ofensa, mas escolhe interromper a cadeia da dor. Com o perdão, você decide não reagir com a mesma força — e talvez até buscar o diálogo ou oferecer o silêncio pacificador.
No mundo físico, tudo se move por leis inexoráveis. Isaac Newton, ao contemplar os céus e a matéria, formulou a Terceira Lei do Movimento. É a lei do equilíbrio mecânico, da resposta natural, da força devolvida com outra força. Entretanto, no campo da alma, onde habitam o amor, a dor e a consciência, essa lei não precisa imperar. Diferente das pedras e dos corpos celestes, o ser humano carrega em si o dom da liberdade. Ele pode romper a cadeia da reação automática — e nisso reside sua grandeza.
A ofensa é, muitas vezes, uma força dirigida contra o indivíduo: uma palavra cortante, um gesto cruel, uma injustiça. Naturalmente, sentimos o impulso de revidar — seja com palavras, gestos ou silêncio carregado de rancor. É a reação que se impõe.
Mas o perdão, a pedra polida, é outra coisa. Ele é uma força contrária à lógica da vingança. Um gesto que não devolve o mal, mas o dissolve.
O perdão é quando a alma decide não devolver a ofensa com outra igual ou maior, mas interromper o ciclo e oferecer ao outro a possibilidade de recomeço. É dizer: “Sim, você me feriu, mas eu não farei da minha dor uma arma. Eu solto essa corrente. Eu escolho a paz.”
Na tradição cristã, Jesus afirmou: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam.” (Lucas 6:27). Esse ensinamento é, na prática, uma subversão da reação esperada. Ele nos convida a sair da lei da força e entrar na lei da graça.
Perdoar, portanto, não é negar que fomos atingidos. É reconhecer a dor, mas recusar-se a ser transformado por ela em mais dor. É agir com liberdade espiritual, em vez de reagir por impulso emocional. É escolher a luz onde só havia sombras.
Um aspecto curioso é que a ofensa só atinge o ofendido se este a agasalha, isto é, se ela lhe causa mal-estar.
O ato de perdoar é consequência da ofensa — e esta só sobreviverá se for valorada acima da sua real importância.
Existem dois personagens: o ofensor e o ofendido. Aquele lança a flecha da ofensa; este aceita ser o alvo. Entende-se que houve participação ativa de ambas as partes: do ofensor ao ofender e do ofendido ao aceitar a ofensa.
Quem deve pedir perdão a quem: o arqueiro ou o alvo, se ambos tiveram comportamentos ativos no processo? Entenda-se que o personagem que assumiu o papel de arqueiro deve pedir perdão a si mesmo — assim como o alvo também. Ambos devem perdoar a si próprios por suas atitudes: um por ferir, o outro por se deixar ferir.
Essas duas “pedras brutas”, sendo trabalhadas individualmente, afastar-se-ão dessas atividades de atirar flechas e de se deixar ferir, eliminando, assim, tanto os atos ofensivos quanto a necessidade de perdão.
O que se pretende aqui é levantar a possibilidade de eliminar a ofensa em seu nascedouro, evitando que ela seja disparada e, consequentemente, eliminando a existência do alvo. Esses são ensinamentos da Arte Real.
Bibliografia
NEWTON, Isaac. Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica.
Publicado em 1687. Traduções modernas em português estão disponíveis sob o título Os Princípios Matemáticos da Filosofia Natural.
HAWKING, Stephen. Uma Breve História do Tempo. São Paulo: Rocco, 1988.
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CHALMERS, Alan. O que é ciência, afinal? São Paulo: Brasiliense, 2011.
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A BÍBLIA SAGRADA. Lucas 6:27.
BRASIL. Código Penal Brasileiro.
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