O genial Luiz Fernando Veríssimo © Unesp/Divulgação
Por Luiz Thadeu Nunes e Silva (*)
Sábado, 30/08, acordei com as mídias informando sobre a morte de Luiz Fernando Veríssimo, ocorrida na primeira hora do dia. Vinha acompanhando a sua internação em um hospital de Porto Alegre, e sobre o agravamento de sua doença. Desde 2021, quando sofreu um AVC, parou de escrever. As sequelas do derrame se somaram às limitações da doença de Parkinson e a outros problemas de saúde — em 2020, operou um câncer ósseo na mandíbula, com bom resultado, mas então veio o AVC. Aos 88 anos, ele partiu, deixando uma rica e diversificada obra. Mestre das palavras e da ironia delicada, que nos ensinou a rir de nós mesmos e a enxergar a vida com mais leveza.
Um dos maiores cronistas do Brasil, era dono de uma ironia fina e de um texto preciso, conquistando milhões de leitores com sua obra, que transita entre a crônica, a ficção e o humor. Unindo temas tão díspares como mazelas da política nacional e as belezas de uma mulher, o escritor gaúcho — que manteve uma coluna no GLOBO, desde 1999, no “Estado de S. Paulo” e na “Zero Hora” — colecionava uma série de aforismo que já fazem parte do imaginário popular.
Luiz Fernando Veríssimo, observador astuto e atento, escreveu sobre a comédia da vida privada e a tragédia da vida pública. Nada passou incólume ao seu olhar.
Verissimo, sobrenome que é um superlativo, foi pleno herdeiro literário do pai Érico. O caladão que mais encantou com palavras. O cronista circunspecto, mas espirituoso.
Antes de Luiz Fernando Verissimo, a crônica se centrava na primeira pessoa, no tom confessional, nas nuances biográficas, no plano interior. Depois dele, nada mais foi igual. Surgiram os tipos universais: o amigo, a vizinha, o professor, o policial, o viajante.
Foram mais de 50 anos de textos escritos para jornais e revistas, quase 40 anos de livros publicados — nos dois casos quase sempre entre os mais lidos e queridos do país — sem jamais abandonar sua posição nítida no campo da esquerda reformista.
Milhares de páginas escritas para bem-sucedidos programas de humor de televisão, centenas de sensíveis comentários sobre cultura exigente — livros, filmes, peças, espetáculos, shows —, muitos relatos de viagem ao redor do planeta, com preferência para a França e os Estados Unidos, onde morou na infância e juventude, mas sem negligenciar os festivais e feiras de livro Brasil afora, em todos os casos com sucesso notável de público.
Conferencista relutante, entrevistado lacônico; parceiro musical competente no campo do jazz; amigo certo e solidário com jovens escritores; sutil observador do futebol e torcedor confirmado do Internacional. Dono de humor refinado e texto preciso — que misturavam ironia, sarcasmo e deboche, sempre de forma elegante —, Luiz Fernando Veríssimo, nosso Woody Allen.
“A vida é a melhor coisa que conheço para passar o tempo.”
“Não gosto que me imponham coisas, e a velhice é uma imposição, uma prepotência do tempo. Sou contra.”
“O mundo não é ruim, só está mal frequentado.”
“Se o mundo está correndo para o abismo, chegue para o lado e deixe ele passar.”
“De certa maneira, livro é melhor do que sexo. Você pode tomar o uísque antes, depois e durante. Livro é sempre com a luz acesa. E livro nunca está com dor de cabeça.”
“Escrever não me dá prazer, gosto mesmo é de soprar saxofone.”
“Na política tudo é negociável, começando pelos princípios.”
“Ninguém é uma coisa só, todos nós somos muitos.”
“Minha relação com a morte é esquecer que ela existe. E espero que ela faça o mesmo comigo.”
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