Doroteia com seus ovos Imagem gerada por IA
Por Luiz Thadeu Nunes (*)
Manhã ensolarada de domingo. São Luís, está tão quente, como se tivesse um sol para cada morador.
Rita, minha irmã, me passa uma mensagem para saber se posso atender. “Sim”, respondo após terminar o dejejum.
Rita de Cássia é uma das minhas três irmãs, e minha psicóloga de plantão. Mesmo não tendo cursado faculdade, é exímia observadora da vida, a melhor conselheira que conheço. Ela tem solução para tudo, seja qual for o problema. Raciocínio rápido, articulada com as palavras, papo reto, em segundos tem resposta para qualquer questionamento.
O telefone toca, é Rita.
— Tu que gostas de história, vou te contar uma nova, que aconteceu comigo na semana passada.
— Conte-me.
Rita é dona de um hotel, no interior do Maranhão e, a maioria de seus hóspedes, dariam para fazer parte de muitas crônicas ou romances; personagens hilários, e a narração de Rita, os enriquece ainda mais. Muitos são mais hilários que muitos personagens de Dias Gomes, o autor baiano, autor da impagável “O bem-amado”.
Tudo no hotel tem nome. O gato é Adriano; o canário é Blue. Até o portão do hotel ela chama por um apelido, no caso, Guilhotina.
— Eu estava tranquilamente tomando o café da manhã, quando tocou a campainha, e vi pelas câmeras, do lado de fora da Guilhotina, um velho senhor, que não conhecia.
— É aqui que mora o seu Antônio?
— Não.
— Me informaram que a senhora era a esposa dele.
Rita resolveu abrir a Guilhotina, e pedir para o senhor entrar.
— Sou Gumercindo, e fiz um negócio com o sr. Antônio.
— Senhor Gumercindo, esse moço a quem o senhor se refere foi meu esposo no século passado. Faz mais de trinta anos que estamos separados.
— Ele tem uma dívida comigo, como faço para falar com ele.
— Seu Gumercindo, ele morreu durante a pandemia do Corona vírus.
— Se o senhor quiser lhe dou o endereço do cemitério, vá até o túmulo, e se o senhor for vidente, fale com ele.
— Só lhe digo que não fiz dívida com o senhor e não posso ajudá-lo. O senhor me viu indo pedir alguma coisa?
— Não.
— O senhor me viu em sua casa?
— Não.
— Não serei eu que vou quitar essa dívida.
Seu Gumercindo ficou triste. Rita lhe ofereceu café, e conversaram um pouco mais.
Gente simples de povoado, seu Gumercindo não tinha celular.
Rita lhe orientou como adquirir um aparelho, e como habilitá-lo. Ela pensou ter se livrado de seu Gumercindo.
No dia seguinte, no mesmo horário, novamente a campainha tocou. Era seu Gumercindo que voltara para agradecer a Rita pela ajuda. Durante a conversa, ele tirou do bolso uma nota de cem reais, querendo entregar o dinheiro para ela.
— Pra que esse dinheiro?
— Pela ajuda que a senhora me deu.
— Não senhor, não precisa pagar nada.
Com a insistência do homem, Rita sugeriu que ele lhe levasse uma galinha.
Passado dois dias, estava seu Gumercindo em frente a Guilhotina, com a galinha nas mãos. Seu Gumercindo, entrou, entregou a galinha, tomou um café, e foi embora.
Rita colocou a galinha em um canto do hotel, com água e comida. Logo a galinha ganhou nome — Doroteia.
Ao voltar para ver como estava Doroteia, viu que pusera um ovo. Já são trinta ovos que Doroteia pôs. Ao observar Doroteia com os ovos, lembrou do ex-marido que não passava um dia sem comer ovos.
“Será que seu Gumercindo recebeu uma mensagem do ex-marido, pois Doroteia não para de botar ovos”, pensou Rita.
Se Gabriel Garcia Marques ouvisse os relatos de Rita, seus livros seriam mais ricos, e sua literatura com realismo mais fantástico.
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