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Rivaldo Frias dos Santos (*)

 

Embora, hoje, exista farta literatura sobre a maçonaria, com excelentes obras de autoria de diversos estudiosos e bons autores, ofereço este trabalho, que venho acalentando há alguns meses, com a finalidade de contribuir para o projeto do lançamento do livro A Maçonaria para Todos V, editado pela Academia Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras.

O Maçom, por princípios e natureza, deve ser sempre, um pesquisador e um estudioso, pelo menos, até para confirmar a frase que “somos sempre eternos aprendizes”.

A obrigação do aprendiz é aprender. E aprender se faz com estudo, pela pesquisa e, principalmente, pelos ensinamentos e exemplos dos mais velhos através dos tempos, pois a melhor lição ainda é a tradição oral, cuja passagem de geração a geração, faz com que se perpetuem os segredos, os costumes e os procedimentos, que nem sempre os livros se voltam para esse ponto. É esse o meu propósito: Facilitar o estudo, e o aprendizado  dos meus queridos irmãos da ordem maçônica.  Graças ao G∴A∴D∴U∴, hoje —  com o advento da de novas tecnologias, da internet e com os novos mecanismos oferecidos por ela, destacando-se a Inteligência Artificial e tantos outros programas —, surgiram inúmeros irmãos maçons escritores dedicados ao tema.

Aqui em nosso Estado temos a Academia “Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras”, composta por 33 maçons, acadêmicos e pesquisadores, que anualmente têm editado seu livro intitulado a Maçonaria para todos, já estando em sua quinta edição; com temas da maior importância como: Ciência e Maçonaria, Introduções e Históricos Gerais da Maçonaria, Análises Criticas e Reflexões, Filosofia e Ética, Simbolismos e Ritualística, Liderança e Organização, Inter- religiosidade, Reflexões Históricas  e Cultura, possibilitando as gerações futuras e atual, recursos valiosos para compreender a trajetória de nossa ordem, servindo como fonte de pesquisa.

Temos o Portal Só Sergipe que administra a renomada revista online com uma programação semanal na coluna Domingo em Desbaste, que vem possibilitando aos estudiosos aprimorarem seus conhecimentos e produzirem um vasto material para orientação da leitura e do estudo persistente da classe maçônica do Estado. A revista que tem editado semanalmente artigos de interesse geral e da Maçonaria já está na segunda edição, e a caminho da terceira. Portanto para aqueles que realmente se interessam em conhecer, aprender, pesquisar e  buscar novos conhecimentos, não haverá mais dificuldades que essa.

Ao falar de conhecimento, ressalto que o aprendizado é algo constante ao longo a vida. Aproveito para contar uma história muito interessante que ocorreu entre um pastor e um cidadão que frequentava a igreja.

Certa feita eu ouvi falar que em  uma pequena cidade da Inglaterra havia um pastor que conhecia praticamente todos os cidadãos. Nos cultos dominicais, era comum que algumas pessoas ocupassem sempre os mesmos lugares na igreja. Assim, num determinado banco, sempre estava um senhor muito respeitado e querido no lugar.

Num determinado dia, o pastor notou que aquele banco estava vazio. Achou estranho. Porém, não se preocupou muito porque era comum alguém faltar ao culto esporadicamente por um motivo ou outro.

Na semana seguinte, novamente o banco estava vazio, levando o pastor a especular sobre sobre o fato.

Na terceira semana o banco continuou vazio.

Terminado o culto, o pastor dirigiu-se à residência daquele irmão para interrogá-lo sobre o motivo de suas ausências.

O cidadão falou que há muitos anos frequentava aquela igreja e que já estava achando os cultos muito enfadonhos e repetitivos. Disse que já sabia de cor e salteado tudo que o pastor falava.

Foi então que o pastor foi à lareira, retirou de lá uma brasa e colocou-a em cima  da pedra que servia de parapeito da janela. Dentro de pouco tempo, essa brasa começou a se apagar.

Passados alguns instantes de silêncio  entre aquele dois homens, o cidadão faltoso disse:

Pastor, compreendi a sua mensagem.

E voltou a frequentar o culto como sempre o fez.

Moral da história: Uma brasa sozinha perde o seu calor muito rapidamente.

Meus irmãos!

A pequena história que contamos acima vem bem a calhar com o que acontece nas nossas Lojas Maçônicas de forma geral. Muitos irmãos deixam de frequentar a sua Loja alegando motivos muitas vezes inconsistentes, e quando comparecem, acham que a reunião esta chata e demorada, enfadonha. Reclamam que não existe nada de novo.

Templo da Loja Maçônica Clodomir Silva

A Maçonaria, como já depreendemos, visa a mudança do homem em seu interior. O seu objetivo é que o homem evolua interiormente, e fazendo isso, esta contribuindo para a evolução não só dos maçons de forma particular, como em toda a sociedade. O comportamento do homem normalmente reflete o seu interior.

O homem que desejar sinceramente evoluir em seu íntimo, deve fazê-lo mudando inicialmente a sua maneira de pensar. Deverá direcionar seus pensamentos para atitudes nobres. Quando nos propomos a realizar alguma coisa ou participar de algum evento, na sociedade ou seja onde que for, devemos inicialmente nos perguntar se realmente é aquilo que queremos. Após a decisão tomada, devemos dar o melhor de nós na realização daquilo que nos propusemos. Em outras palavras: Colocar amor naquilo que fazemos.

A Maçonaria é uma sociedade iniciática, isto é, os seus membros devem passar por uma cerimônia de iniciação, quando o neófito morre para o mundo profano, ou seja, o mundo dos erros e dos vícios e renasce para um mundo diferente. Um mundo dedicado ao trabalho e à virtude.

Mas será que a iniciação consiste somente naquela cerimônia do primeiro dia?  Com certeza, a resposta é não. A iniciação envolve todo um processo na qual o iniciado vai galgando degrau por degrau durante toda sua vida maçônica.

O verdadeiro maçom é  aquele que busca extrair dos postulados da Ordem os ensinamentos de que necessita para sua evolução. Infelizmente, muitos maçons esperam que, após sua iniciação, lhes seja aberta a cabeça e sejam colocados vários tonéis de conhecimentos. Muitos maçons  têm a ilusão de que com a iniciação, lhes seja revelada a fórmula mágica que propicie uma mudança radical em sua vida. Evidentemente, isso não passa de uma ilusão. A verdade é que as coisas não acontecem dessa forma.

Devemos reconhecer que existem falhas por parte das Lojas. E elas são poucas. Por outro lado, nota-se uma grande apatia de parcela significativa de maçons em procurar conhecer a Maçonaria profundamente. A única forma de fazê-lo é por meio da leitura e do estudo persistente. Observa-se, nesse contexto, uma situação peculiar: quem já esta na ordem há mais tempo, não possui os conhecimentos necessários para uma orientar os neófitos, e estes, por sua vez, não sendo bem orientados, tendem a seguir o comportamento dos mais velhos. É aquela velha máxima que diz: “o homem é produto do meio”. O verdadeiro maçom é aquele que busca conhecer a Ordem a que pertence, sem esperar que os outros o façam por ele.

Por outro lado, devemos compreender que se quisermos ser verdadeiramente maçons, não podemos ficar somente observando as falhas dos outros. Se ingressamos na ordem e deparamos com um ambiente  que não corresponde  à expectativa que tínhamos, certamente que o caminho mais correto não é o de  abandoná-la, ou pior ainda, continuar fazendo parte da mesma, porém  de forma indiferente. O procedimento correto do verdadeiro maçom é procurar evoluir e tentar, através de seus conhecimentos, buscar iluminar aqueles menos interessados. Se cada um de nós  procurar agir dessa maneira, com certeza  estaremos contribuindo  para a melhoria  da sociedade como um todo . É fácil reconhecer um maçom desinteressado: ele está sempre reclamando que a sessão esta demorando e que precisa ir embora por um motivo ou outro: ele sempre encontra razões para não colaborar com os afazeres da loja.

Assim, um dos preceitos básicos que devemos observar é o da tolerância. Sem a tolerância não haverá companheirismo. Para haver tolerância é companheirismo, é necessário muita humildade e respeito. Talvez resida aí o primeiro passo que devemos dar para a nossa mudança interior, da qual falamos nas linhas acima. Tolerância não significa conivência. Devemos sim, ser tolerantes com as falhas dos irmãos com todos os seus defeito e fraquezas, jamais com a preguiça e a indolência.

Falamos também acima, que devemos colocar amor em toda empresa que participamos. Então, quando participamos de uma sessão maçônica, devemos fazê-lo com a maior boa vontade possível. Ao nos dirigirmos a uma Loja para assistir aos trabalhos, devemos fazê-lo com a maior boa vontade possível, devemos procurar ter pensamentos nobres e sublimes. Só assim estaremos contribuindo com os trabalhos, e contribuindo  para a formação de uma corrente  positiva dentro do templo, e por consequência , auferindo os benefícios que dela advêm. Essa corrente  de pensamentos positivos é a chamada Egregora Maçônica. Os irmãos certamente já experimentaram a sensação de paz que existe em determinados locais, principalmente em templos religiosos ou em outros lugares onde não exista a presença de energias negativas. É justamente  esse ambiente de paz e serenidade que devemos procurar proporcionar em nossas reuniões.

Conforme prevê a nossa Constituição, “a Maçonaria pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever”.

A Maçonaria propaga e defende a verdade como simples verdade. Assim, se o maçom busca sua mudança interior, o primeiro preceito que deve procurar desenvolver é o da verdade. Verdade sobre si mesmo e para consigo mesmo. Será se o motivo alegado para faltar a sessão é o verdadeiro? Será se estamos doando de nós tudo que podemos em benefício de nossa Loja, em benefício do grupo a que pertencemos, ou seja em benefício de nós mesmos? Vale a pena meditar sobre isso.

Se cada um de nós fizer a sua parte, com certeza, os resultados nos surpreenderão a todos. Alguém já disse que “o todo é muito maior do que a simples soma das partes”.

 

___________________

Referências Bibliográficas:

Manual do Aprendiz Franco Maçom;

Entre Colunas – José Anízio de Araújo-1ª Edição-Editora Celigráfica-1997-Fortaleza-Ceará;

Bouchel, Jules – A Simbologia Maçônica. 1996;

http/www.lojasmaçonicas.com.br

 

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Rivaldo Frias

Rivaldo Frias é bacharel em Direito, mestre maçom e deputado estadual pela Loja Lealdade Cotinguibense, em Aracaju.

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