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Grito dos Excluídos criticará Judiciário e a mídia

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Este ano, a 21ª edição do Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro, fará uma crítica direta ao Poder Judiciário sergipano que, frequentemente, “se coloca na contramão da democracia ao emitir decisões que criminalizam movimentos sociais e sindicais, a exemplo de reintegrações de posse e ilegalidades de greves”, dizem os organizadores. Com o tema “que país é este, que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”, o movimento quer chamar toda a sociedade à reflexão. A entrevista coletiva para divulgar os detalhes da marcha aconteceu hoje, 28, na Cúria Metropolitana.

Embora a greve seja um direito do trabalhador, para o Judiciário isso não prevalece, diante das sucessivas liminares considerando ilegais as paralisações. Não há, no Estado, nenhum levantamento quantitativo dessas decisões. O vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Plínio Pugliesi, diz que é mais fácil lembrar quais greves não foram ilegais, isso no ano passado.  Uma delas, foi no município de Lagarto, promovida pelos professores, com o apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). Ele lamenta que o Judiciário vote favorável à reintegração de posse, quando das ocupações dos movimentos sociais, sem se preocupar para onde serão abrigadas as famílias que lutam por moradia.

Justamente para mostrar a indignação com a postura do judiciário, que os organizadores do Grito dos Excluídos escolheram a sede do Tribunal de Justiça, na praça Fausto Cardoso, para a concentração dos manifestantes, a partir das 8 horas, e depois a caminhada pelas avenidas Ivo do Prado e Barão de Maruim, onde ocorre o desfile.

O arcebispo coadjutor de Sergipe, dom João José Costa, espera que este ano participem cerca de 10 mil pessoas. Questionado se o ato teria alguma manifestação contra ou a favor da presidente Dilma Rousseff, o arcebispo assegurou que não haverá nenhuma conotação político, pois será feito em defesa vida e dos direitos da população.

Direitos que são flagrantemente negados aos que estão à margem da sociedade. O religioso criticou a superlotação no sistema carcerário sergipano e também os parlamentares federais que estão tentando aprovar a lei que reduz a maioridade penal. “Os nossos representantes deveriam visitar os presídios, porque aprenderiam que o caminho correto é promover políticas públicas, ao invés de segregar. O que acontece no Copemcan (Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto) é um absurdo”, criticou  dom João José.

Candomblé – Este ano em Sergipe, o Grito dos Excluídos também traz uma novidade. Pela primeira vez, os religiosos do candomblé foram convidados a participarem junto com a Igreja Católica e 28 entidades do ato de 7 de setembro. Para o coordenador do Coletivo de Terreiros, o babalorixá Paulo César Lima Fernandes, está incluso nos protestos a intolerância religiosa. “Nossos terreiros estão na periferia da cidade e somos vulneráveis”, lamentou.

A diretora estadual do Movimento dos Sem Terra (MST), Gislene Reis, espera que estejam no ato entre 200 a 500 trabalhadores. “Além de concordarmos com todas as pautas, nós também lutamos por reforma agrária, por reforma urbana, por uma moradia digna para todas as pessoas”.

Além da denúncia, o Grito dos Excluídos é também um momento de anúncio das reivindicações e desejos do povo brasileiro. E neste ano o repúdio às tentativas de redução da idade penal e a afirmação dos direitos de crianças e adolescentes; a luta pela democratização dos meios de comunicação, com garantia da diversidade e do pluralismo de vozes, cores e ideias existentes na sociedade; o desenvolvimento sustentável, com respeito ao meio ambiente e aos direitos dos povos e comunidades tradicionais; e a necessidade das reformas populares, com destaque para a reforma do sistema político, estarão presentes nas faixas, bandeiras, camisas e cartazes.

Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos constitui-se numa ampla mobilização social e popular baseada em três eixos: crítica ao modelo que concentra riqueza e renda, condenando milhões de pessoas à exclusão social; publicização nas ruas da imagem dos grupos historicamente excluídos; e proposição de caminhos alternativos ao modelo neoliberal, desenvolvendo uma política de inclusão social e participação popular.

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Antônio Carlos Garcia

CEO do Só Sergipe

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