Cotidiano

Dez ações que deseducam bebês

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Por  Valtênio Paes de Oliveira (*)

 

Já tínhamos escrito aqui “Reclamos do recém-nascido”. Afirmamos:

Muitas pessoas exclamam: “Que linda criança!”. Logo nos tomam nos braços, beijam e afagam, sem pudor e sem qualquer precaução higiênica. Aproveitam para levar bactérias e congêneres ao nosso corpo indefeso. Ai dos pais que rejeitem o gesto afetuoso — tornar-se-iam indelicados com os visitantes.
Outras pessoas postam nossas imagens nas redes sociais, interferem na relação dos genitores, opinam e tomam atitudes em relação ao recém-nascido que contrariam seus valores e propostas educativas.
Geralmente, agem assim pelo simples “prazer” de interferir. Esquecem-se de que quem visita deve se adequar aos costumes e necessidades de quem é visitado.

Voltamos agora, refletindo sobre os bebês. Segundo estudiosos, considera-se recém-nascido o ser humano até os 28 dias de vida, e bebê, até os dois anos de idade.

1 “Ele não gosta”

Sem paciência e alimentados por muita preguiça chamada de “falta de tempo”, genitores e demais responsáveis oferecem comida ao bebê que por vezes rejeita e concluem de primeira: “ele não gosta”. Normal rejeitar porque são os primeiros contatos com sabores.  Conclui-se que “ele não gosta” e voltam à rotina do leite. A introdução alimentar fica esquecida. Substitui-se o “ele não gosta” por “ele só gosta disso”. Verdade que existem exceções, porém desmotivação de persistir e falta de paciência dos responsáveis pela alimentação dos bebês acontecem regularmente. Pediatras com a palavra.

2 “Brinquedos oferecidos em variedades e quantidades ao mesmo tempo”

Quando se oferece vários brinquedos ou um mesmo brinquedo em quantidade, possibilita-se reduzir a capacidade de concentração, aumenta a irritabilidade, reduz a possibilidade de novas sinapses pelo cérebro com efeitos nocivos ao desenvolvimento mental. O cérebro em crescimento já se desenvolve viciado e as consequências são irreparáveis.

3 – “Presentes eletrônicos e barulhentos”

Amigos e familiares gostam de presentear bebês com tais objetos. Estimulam a dependência em detrimento do fortalecimento do raciocínio. Pior ainda, quando trazem alta luminosidade, também prejudicam a visão.

4 – “Super proteção”

“Não pode cair, não pode chorar, não pode pisar no chão; e colo constante” são exemplos que impõem a dependência na vida do bebê. Pais ou responsáveis pelos bebês devem vigiar 24 horas, porém, a experiência sem risco é aprendizado; e aprendizado é educação.

5 – “Ambiente artificial”

Com intuito de proteger, pais ou responsáveis exageram em oferecer ambiente ideal distinto do ambiente típico da vida social da família. Verdade que o bebê precisa de ambiente tranquilo, porém artificializar o mundo do bebê é colocar seu corpo e mente num mundo que não viverá.

6 “Banho e sono”

Muitas pessoas exageram em horários fixos de banhos, colocar no braço e alimentação quase militarizados. Cada corpo humano constrói sua própria rotina. O bebê precisa de tempo para adaptar-se aos costumes fora do ventre materno. Outras, alimentam antes, para dar banho logo a seguir.

7 – “Falar alto no encarinhamento”

Beijos, abraços e outros afagos, brincadeiras principalmente coladas ao corpo, em especial ao ouvido, atentam contra a sensibilidade auditiva, além de levar bactérias contra a saúde da criança.

8 – “Interferência nos momentos de concentração”

O bebê parado, observando objetos ou com brinquedos. Eis que surge o grito assustado do adulto. Em outro momento, o bebê tenta colocar uma peça no brinquedo, quando é interferido pelo adulto que resolve fazer a ação pela criança a pretexto de ajudá-la. A criança está parada, contemplando algo, quando aparece o adulto para sugerir uma nova atividade. No entanto, não devemos interromper os momentos de observação e pensamento dos infantes, porque é justamente nesses instantes que estão desenvolvendo o raciocínio.

9 – “Alimentos fora de horário para parar birra”

Adultos costumam parar o choro de bebê com alimentos. Tal fato pode estimular somente agir por recompensa ensejando repetir com frequência a conduta para conseguir seus desejos. Deseduca pelo vício, enfraquece a capacidade de enfrentar dificuldade e controlar desejos dentre outras reações. Assim surge a chantagem infantil.

10 – “Celulares e congêneres”

Por várias vezes já escrevemos neste portal sobre o perigo à saúde das crianças provocado pelo uso das telas por crianças. Com requinte de crueldade, pais, mães ou responsáveis entregam celulares para bebês em casa, nos restaurantes ou em ambientes sociais. Por vezes, tornam-se assistentes passivos quando adultos com bebês no braço, ficam usando as telas e a criança silenciosamente vendo as imagens e ouvindo sons. Limita a capacidade de raciocinar justamente quando o cérebro está em crescimento, trazendo perdas irreparáveis.

Observe-se que o decálogo não tem munição científica, mas, tais razões podem produzir crianças doentes, agressivas, dependentes, com dificuldades para se relacionar com outras crianças na sociedade. Mais ainda, tais fatos dificultam a socialização, contribuem para o aparecimento de doenças mentais. Nossa Constituição Federal ensina que educação é dever da família e do Estado, portanto pais ou responsáveis são obrigados pelo bem estar educativo dos menores.

 

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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