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Deus, pátria e família: do integralismo a Bolsonaro

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Valtênio Paes (*)

Na primeira metade do século XX, após a Primeira Guerra Mundial,  surgiram várias ditaduras no planeta. Hitler com o Nazismo na Alemanha (1933-1945), Mussolini com o Fascismo na Itália (1922- 1943), Stalin (1922-1953). Cada um com seu slogan. Tempos depois, Peron na Argentina, Vargas no Brasil com viés social, além do Paraguai, Uruguai etc.  Influenciado pelo fascismo, surgiu no Brasil (1932- 1938) um grupo político denominado integralismo liderado por Plínio Salgado seguido por Gustavo Barroso e Miguel Reale.

Giuseppe Mazzini, um dos líderes da unificação italiana (1848-1871), defendia ideias que foram aprimoradas por Mussolini no século XX. Versão brasileira do fascismo italiano, a ação integralista pregava que toda ação política deveria ser vinculada à fé católica como religião oficial, unidade nacional, corporativismo, combater ao liberalismo e ao socialismo.  Deus, pátria e família era seu lema. Conhecidos como “camisas verdes” e pelos detratores “galinhas verdes” por usarem fardas, os simpatizantes deste movimento político foram desarticulados com criação do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas.

A campanha de Bolsonaro retoma lema idêntico agregando ao conservadorismo, preconceito, rejeição da diversidade cultural na sociedade e atacando negros, mulheres, pobres e LGBTQI+. Ataques às instituições, à imprensa livre, defender fechamento do STF foram artifícios ditatoriais presentes em todo ano eleitoral de 2022. Um mês após a derrota nas eleições, seguidores alimentam a tomada do poder contrariando o Estado Democrático do Direito.

Ao reutilizar o lema ‘Deus, pátria e família” tenta unir o religioso, o civismo e conservadorismo familiar para se manter no poder após derrota nas urnas. O presidente procurou adaptar o religioso usando evangélicos em substituição aos católicos preferidos por Plinio Salgado no integralismo.

Desestruturado, derrotado pela democracia eletiva e sob pressão internacional diplomática e militar, passou quase um mês sem ir ao principal local de trabalho. Silenciosamente assiste a grupos de simpatizantes fechando estradas, invadindo locais públicos com armas e tiros. Não percebe que a legitimidade das eleições e a resistência das instituições nacionais e internacionais impedem qualquer tentativa de ditadura neofascista.

No século XXI no mundo ocidental, pessoas buscarem a ilegalidade da força na vã tentativa de golpe político é ferir a democracia como pilar da legitimidade de poder. A evolução é a maior lei existencial da humanidade. Negá-la, impondo o conservadorismo extremado é condenar a população ao atraso medievalista com base em egos inconsequentes.

 

__________

(*) Valtênio Paes de Oliveira é professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

** Esse texto é de responsabilidade exclusiva do autor.  Não reflete, necessariamente, a opinião do Só Sergipe.

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Valtenio Paes de Oliveira

(*) Professor, advogado, especialista em educação, doutor em Ciências Jurídicas, autor de A LDBEN Comentada-Redes Editora, Derecho Educacional en el Mercosur- Editorial Dunken e Diálogos em 1970- J Andrade.

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